Projetos de desenvolvimento, mudanças socioambientais e povos indígenas no centro-sul do Maranhão
Resumo
Nas últimas décadas ocorreu um crescimento quantitativo dos programas de desenvolvimento regional de projetos voltados às comunidades étnicas e rurais no centro-sul do Maranhão, pela ação do Estado e por organizações não governamentais, com a participação de pesquisadores, associações indígenas e outros agentes. Essas intervenções deram-se num contexto de mudanças ambientais, sociais e econômicas, com a substituição de antigas fazendas de criação e núcleos sertanejos por empreendimentos de agronegócio, gerando impactos junto aos grupos indígenas na região, pelo predomínio da lógica econômica do mercado sobre a lógica da autos-sustentabilidade desses povos. Os Apaniekrá, os Ramkokamekra-Canela (Jê-Timbira) e outros grupos indígenas na região, tiveram seus territórios envolvidos pelo avanço dessa fronteira eco- nômica, o que levou o Estado brasileiro, por sua agência tutelar (FUNAI), a desencadear, no início da década atual, um processo de revisão demarcatória das Terras Indígenas Kanela e Porquinhos. Este artigo analisa os impactos das políticas e ações do Estado e de agências privadas vinculadas ao desenvolvimento, sobre a organização social e simbólica dos Apaniekrá e Ramkokamekra-Canela