Economia solidária e catadores de materiais recicláveis em Salvador e Curitiba: políticas públicas e a enunciação de identidades no Brasil
Resumo
Este artigo pretende realizar reflexão antropológica sobre a identidade de catadores(as) de Salvador (BA) e Curitiba (PR) e a política pública adotada para a formação de catadores de materiais recicláveis no Brasil. Depois de ter participado, em 2010, da investigação qualitativa em pesquisa nacional de Avaliação do Projeto de Fortalecimento do Associativismo e do Cooperativismo dos Catadores de Materiais Recicláveis: formação para autogestão, assistência técnica e mobilização, empreendida pela Fundação Banco do Brasil (FBB), em ação conjunta com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), tive a oportunidade de realizar pesquisa etnográfica com catadores representantes do Movimento Nacional em Salvador e Curitiba. A partir destas conversas, foi possível traçar algumas das enunciações de identidades que se configuram nesta relação entre poder público e movimentos sociais. Meu objetivo é refletir sobre como se dão algumas enunciações e discursos que os entrevistados fazem de suas próprias identidades. A partir do momento em que esses indivíduos foram submetidos, por um período de três anos, a cursos de formação para “a emancipação social e econômica do segmento”, a ideia de inclusão social se apresenta como a possibilidade de um novo lugar de auto expressão, uma vez que eles são historicamente vistos como excluídos.